Paquistão destina 2.000 MW para Bitcoin e IA

Escrito por

Publicada 27 maio 2025

Fato verificado por

Mantemos uma política editorial rigorosa, dedicada à precisão dos fatos, relevância e imparcialidade. Nosso conteúdo é escrito e editado por profissionais de destaque do setor, com experiência prática. Todo o material passa por uma revisão criteriosa feita por editores experientes, garantindo o cumprimento dos mais altos padrões de reportagem e publicação.

Aviso de Transparência

gold and black round emblem

O Paquistão destinará 2.000 megawatts de eletricidade para mineração de Bitcoin e centros de dados de inteligência artificial (IA). A medida surge enquanto o país luta para evitar colapso econômico, devendo bilhões a credores internacionais.

Muhammad Aurangzeb, ministro das Finanças, anunciou o plano domingo. Segundo o governo, a mineração de Bitcoin gerará empregos e receita das usinas subutilizadas do país.

“O Paquistão está posicionado de forma única — geográfica e economicamente — para se tornar um centro global de centros de dados. Como ponte digital entre Ásia, Europa e Oriente Médio, oferece a localização mais estratégica do mundo para fluxo de dados e infraestrutura digital”, declarou o ministério.

Altos custos de energia levaram muitos consumidores a instalar painéis solares, deixando o país com capacidade significativa de geração não utilizada. Três usinas de carvão operando a apenas 15% da capacidade serão convertidas para mineração cripto em Sahiwal, China Hub e Porto Qasim.

Daniel Batten, pesquisador de mineração Bitcoin, estima que o Paquistão poderia produzir 17.000 Bitcoins anualmente se metade da energia alocada for para mineração. Aos preços atuais, isso equivale a mais de US$ 1,8 bilhão em valor.

Em março, autoridades criaram o Conselho Cripto do Paquistão sob o Ministério das Finanças para regular ativos digitais, seguindo a decisão recente de legalizar criptomoedas.

Segundo a empresa de pesquisa Chainalysis, o Paquistão ocupa a nona posição mundial na adoção de criptomoedas. Entre seus 247 milhões de habitantes, o país tem mais de 27 milhões de usuários cripto.

Mas o momento cria tensão com credores internacionais do Paquistão. Recentemente, o país garantiu empréstimos de US$ 2,1 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI) para prevenir inadimplência econômica. Repetidamente, o FMI alertou contra envolvimento governamental com Bitcoin, argumentando que mineração cripto representa riscos financeiros para países com problemas de dívida.

El Salvador continua expandindo suas reservas Bitcoin apesar da pressão do FMI. Atualmente, o país centro-americano possui mais de 6.000 Bitcoins no valor de US$ 678 milhões.

Parcerias de alto perfil marcam a investida cripto paquistanesa. Changpeng Zhao, cofundador da Binance, atua como consultor do Conselho Cripto do Paquistão. Além disso, autoridades assinaram acordos com World Liberty Financial, projeto cripto apoiado por associados de Donald Trump.

Bilal Bin Saqib, CEO do Conselho Cripto do Paquistão, chamou a iniciativa de “ponto de virada” para a economia digital do país.

Recentemente, o país estabeleceu a Autoridade de Ativos Digitais do Paquistão para regular exchanges cripto e carteiras digitais. Esta nova agência também cuidará da tokenização de ativos e dívidas governamentais.

Para empresas que investirem em equipamentos de mineração Bitcoin, autoridades prometem feriados fiscais e isenções de taxas. Esses incentivos visam atrair operações internacionais de mineração para o Paquistão.

Como primeira fase de estratégia mais ampla de transformação digital, a iniciativa será seguida por fases futuras que incorporarão fontes de energia renovável, incluindo solar, eólica e hidrelétrica.

Entretanto, o sucesso depende de atrair investimento estrangeiro enquanto o país gerencia relacionamentos com credores internacionais que se opõem à adoção de criptomoedas.